Uma louca tempestade, onde não há abrigo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

E já cansado, com o peito martelando de tanta angústia, mais uma vez ele foi ao seu boteco de sempre, tomar sua velha pinga e ouvir mais um samba, um samba de amor. Só que essa não era uma simples noite de quarta-feira como as outras... era um começo de uma nova história; uma história carregada de muita tensão e mistério.
Era ela, com um ar soberano, um ar de luxúria, que estava adentrando o sujo e libidinoso boteco.
Como uma criança, que ama pela primeira vez, o coração do velho-jovem ardia novamente - era como se o baú que guardava o seu coração fosse aberto e as correntes que o prendiam fosse libertas - e assim, como de costume, virou garganta a dentro a pinga que havia em seu copo.
Lá estava ela, sentada, com uma delicadeza angelical, enquanto saboreava o seu martíni - e ao mesmo tempo, ela estava com uma feição diabólica, o encarando. - Era como se a dama de vermelho invadisse o seu pensamento... o seu cheiro estava tomando conta do boteco, era como se uma droga para o velho-jovem.
Ao terminar sua bebida, ela encarou-lhe pela ultima vez, e assim, deixou o dinheiro sobre a mesa, retocando o seu batom e por fim, saindo com o mesmo ar soberano e luxuoso que havia entrado. Sem demora, o velho-jovem gritou para que o garçom o esperasse e correu atrás da misteriosa mulher.
No lado de fora, ela caminhava lentamente, como se já soubesse que o velho-jovem iria a sua procura. Fascinado pelo ar de mistério, vai atrás dela, tocando o seu ombro. Ela, por vez, virou-se, guiando-o até a parede, e assim, olhando em seus olhos, enquanto o pergunta:

- Você morreria de amor por essa noite?


Com o coração acelerado, com a cabeça confusa, ele deixou a emoção falar mais alto, e  nem precisava responder a pergunta da mulher misteriosa, porque sua expressão facial era mais do que óbvia.
Logo, com um sorriso diabólico, ela fechou os olhos e aproximou o rosto, selando os lábios do velho-jovem.

- Nossa, será que ele morreu mesmo? Não consigo sentir sua pulsação e ele não está respirando! - Dizia uma mulher, preocupada.

- Vamos aguardar a ambulância chegar para ver no que vai dar! Mas isso já era de se esperar... toda noite ele sempre vinha aqui, tomava sempre muita pinga, saindo daqui sempre bêbado. E eu já havia notado que ele sempre olha para aquela mesa velha, que fica sempre vazia... era como se ele visse alguém!!!
- Dizia o garçom, quase que lamentando.


E esse foi o fim do velho-jovem.
Jefferson Arruda.

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